salvo entrevista diretor japonês Izuru Narushima
falamos sobre FAMÍLIA, seu novo filme com Koji Yakusho.
com direção de Izuru Narushima, FAMÍLIA chega ao nosso parceiro Estação NET e aos cinemas brasileiros no próximo dia 15 de agosto, com distribuição pela @satocompanyoficial. o filme aborda os laços de afeto que unem as pessoas e formam uma “família” improvável, além de tratar sobre a imigração de brasileiros no Japão.
no longa, Koji Yakusho (de DIAS PERFEITOS) interpreta Seiji Kamiya, um artesão viúvo que vive sozinho, trabalhando com cerâmica. seu filho Manabu (Yoshizawa) vive na Argélia, onde trabalha como engenheiro e acaba de se casar com uma refugiada, Nadia (Malyka Ali), que tem uma história de superação após ter ficado órfã ainda criança.
quando Manabu conta para o pai que quer abandonar o trabalho e voltar para o Japão para também trabalhar como ceramista, Seiji acha arriscado economicamente, mas Nadia embarca na ideia para tentar uma nova vida e uma nova família ali.
durante a visita do casal ao Japão, eles conhecem Marcos (Lucas Sagae), um jovem brasileiro que vive num conjunto habitacional Ho-oka, onde sofre um acidente quando está fugindo de uma gangue e acaba sendo ajudado por Seiji e sua família. o rapaz, por sua vez, foi para o Japão aos 5 anos com os pais, que esperavam fazer uma vida melhor no país. como nada disso aconteceu, Marcos odeia os japoneses.
esse grupo irá formar uma espécie de família, com a qual vão tentar superar juntos as diferenças do presente e as marcas do passado e conviver encontrando empatia e forças mútuas para seguir em frente.
a salvo teve a oportunidade de bater um papo com o diretor, Izuru Narushima, que está no seu terceiro trabalho em parceria com Koji Yakusho, confira:
por @nastachadeavila
como surgiu a ideia de falar sobre a imigração de brasileiros no Japão. teve alguma pesquisa ou inspiração específica pra retratar esse tipo de realidade?
acho que o primeiro ponto para a realização desse filme é que se trata de um roteiro original, escrito por Kiyotaka Inagaki, que sempre viveu na província de Aichi (Nagoya), perto do conjunto habitacional que aparece no filme. isso fez com ele que tivesse muito contato com brasileiros e o interesse em criar uma história falasse sobre terra natal, isto é, o local de origem [dos personagens]. tive contato com Inagaki e achei o roteiro muito interessante, o conceito muito interessante. a partir daí demos início à produção do filme.
e como é que foi o processo de seleção do elenco? principalmente a escolha dos atores brasileiros para papéis importantes que fazem no filme.
depois que o roteiro ficou pronto, começou a busca pelo elenco. e a dificuldade inicial foi encontrar atores que falassem japonês e português. tinham muitos atores interessados que falavam espanhol, mas não português. então, comecei a visitar essas regiões em que moram muito os brasileiros, como Nagoya, para realizar o processo seletivo dos atores.
pelo que pesquisamos, Lucas Sagai e Fadile Wake estão estreando no cinema. isso aconteceu por conta dessa dificuldade de conseguir achar atores que falassem os dois idiomas?
de fato, esse primeiro encontro foi algo bem difícil, porque, por exemplo, Lucas Sagai, que interpreta Marcos, não faz parte de uma agência de atores, ele não tinha experiência nas artes cênicas. ele, na verdade, é kickboxer.
entreguei cartazes sobre o processo seletivo em diversas academias. ou seja, coloquei o aviso em diversos locais onde tinham brasileiros. Lucas viu esse cartaz e resolveu se inscrever no processo seletivo. ou seja, ele não é ator.
encontrar essas pessoas que não são atores foi o maior desafio. começamos a procurar por atores e, no final, acabamos selecionando algumas pessoas que não são atores de formação.
FAMÍLIA aborda muitas questões sociais e políticas relevantes. qual é a expectativa em relação à recepção do público internacional, especialmente o brasileiro?
um dos temas que pensei trazer para o filme é que, atualmente, vivemos uma era de divisões. e, por causa dessas divisões, as guerras também continuam. no caso do filme, gostaria de apresentar o caso da província de Aichi, dessa região chamada Homi. é uma pequena cidade onde convivem pessoas de diversas nacionalidades, sobretudo os brasileiros.
quis mostrar como essas pessoas acabam se tornando quase como se fossem uma família. mostrar que existe a possibilidade de superar essas divisões para se tornarem amigos, de coração. essa é a principal mensagem que gostaria de passar.
a busca pelos atores brasileiros que falassem japonês foi a maior dificuldade do filme ou houve outras dificuldades pra fazer essa produção?
uma preocupação que tinha quando comecei a filmar é que uma das cenas importantes do filme é um churrasco nesse conjunto habitacional. e pra filmar essa cena, seria necessário ter muitos brasileiros participando como figurantes ou coadjuvantes. eu tinha um receio se as pessoas iriam participar. mas, no final das contas, muitos brasileiros foram colaborativos. ajudaram a fazer essa cena. então, fui surpreendido positivamente.
por fim, gostaríamos de saber como é trabalhar com Koji Yakusho?
já trabalhamos juntos em algumas obras, começando pelo meu primeiro filme. até agora, já foram três filmes que trabalhamos juntos e Koji Yakusho é um ator que admiro muito e, ao mesmo tempo, é um precioso amigo, e também um grande parceiro.